Vidas

Dona Lina

Por CATHERINE SANTOS


Dona Lina, 77 anos, foi a primeira moradora com a qual tivemos contato na Casa de Nazaré. Desde o princípio, mostrou-se muito receptiva. Diferente da maioria das outras idosas da casa, Nina fala espanhol e já conheceu muitos países.



Por MARCELLO SOARES


Ela conta que é brasileira de Mato Grosso do Sul e que mudou-se ainda criança para a Argentina, onde morou durante anos. O sotaque espanhol permaneceu mesmo depois de voltar ao Brasil.



Por CHRISTINA LERSCH


Lina teve uma vida atípica se levarmos em conta o contexto histórico e o papel social que era atribuído à mulher no Brasil. Casou-se duas vezes. Com o primeiro marido, um militar peruano, fez várias viagens e conheceu quase toda a América do Sul. 

 

Por MARCELLO SOARES



















Lina é uma senhora muito vaidosa. Brincos, cabelos arrumados e unhas pintadas. Mas as conversas que ocorreram nas visitas seguintes mostram que há muito mais além dos cuidados com a aparência. Ela tem muita sabedoria e experiência para compartilhar com os visitantes. Uma mulher vivida, sincera, vaidosa, de sotaque espanhol e fala mansa.




Dona Rosa


Por MARCELLO SOARES







Por FERNANDA VALÉRIA



Uma das ocupações de Rosa Cruz, 76 anos, é a confecção palhaços de “fuxico”. A atividade é aplicada para desenvolver a sua cognição. No início, Dona Rosinha não fazia os braços dos palhaços e também não distinguia de que cor seriam os olhos deles. Aos poucos foi desenvolvendo suas habilidades.




Por MELISSA CAMPOS



Em poucas horas, ela apronta um palhaço. Hoje seus bonecos já apresentam todos os membros e  tem seus olhos pintados de preto.  Certa vez, deram-lhe um pincel vermelho para pintar os olhos do boneco. Ela se negou a receber, dizendo que não existe gente de olhos vermelhos.




Por FERNANDA VALÉRIA



Uma coisa ela tem sempre em mente. Quando alguém lhe pergunta por que ela faz os palhaços, ela responde que quer vendê-los para comprar pilhas de rádio, pois gosta de ouvir música. Não tem muita noção de valor sobre dinheiro. Às vezes cobra um valor alto, outra vezes, um preço irrisório.




Dona Selma


Por MARCELLO SOARES


Selma Maria da Conceição tem 101 anos e gosta de ser chamada apenas de Selma. Nascida em Campina Grande, na Paraíba, veio para o Ceará ainda adolescente para trabalhar como doméstica. Desde então, perdeu o contato com sua família. Não gosta de falar sobre o passado nem de recordar sua infância. 

Quando perguntada sobre sua história, se esquiva e diz sorrindo: “Vamos pra frente que atrás vem gente”. Muda de assunto, diz que a vida é para viver e não para lamentar. “Não gosto de pessoas grosseiras que não sabem dar um sorriso. Ninguém tem culpa dos problemas dos outros”. No meio da conversa, deixa escapar que foi rejeitada quando criança e que sofreu muito por não ter sido criada pela família. 


Chegou à Casa de Nazaré trazida por sua última patroa, de quem sente saudades. Sempre gentil e muito alegre, revela que o segredo para chegar aos 100 anos é ser feliz, conversar com as pessoas e não esquecer de dar “bom dia” para todos.



Dona Mazé


Por MARCELLO SOARES


Dona Maria José, 76 anos, tem uma grande sabedoria adquirida com a experiência dos anos de vida. Cultiva memórias de seus familiares e de sua vida passada, mas busca sempre olhar para frente, para o que está para acontecer. Acredita em um futuro de paz e de longevidade. “Eu tenho medo do dia em que Deus me chamar. Mas se ainda estou aqui, é porque Ele ainda me quer pra alguma coisa”.




Por FERNANDA VALÉRIA


Dona Mazé sempre se refere a Deus com muita fé e confiança. Nos momentos de inspiração, escreve suas próprias orações. Está sempre sorrindo, conversando e mostrando seus escritos ou fotos de familiares. Parentes de Dona Mazé a levam para casa em alguns fins de semana.




Dona Cotinha


Por CATHERINE SANTOS


Dona Cotinha aparece nesta imagem com seu semblante calmo ao refletir sobre o passado. Logo que chegamos, ela contou algumas de suas histórias. No seu lugar de descanso, ela deixa a bengala, o cinzeiro e o cachimbo. Ela é sobrinha do poeta cearense Patativa do Assaré e sempre recita seus versos mais conhecidos.